Vale a pena entrar em um Consórcio?

Um leitor perguntou se valeria a pena adquirir um consórcio para conseguir comprar um imóvel? Geralmente, procura-se esse tipo de modalidade para a compra de um veículo ou para a compra da casa própria, embora existam formações de consórcios para compra de bens de menor valor, o que não recomendo em hipótese alguma. Antes de responder, precisamos entender o que significa tal sistema. Essa “invenção” brasileira surgiu no início dos anos 60 e a ideia principal dos consórcios é unir certo número de pessoas que, individualmente, não dispõem de valores suficientes para comprar um determinado bem, mas unidas podem adquirir o bem desejado através do autofinanciamento com a contemplação através de sorteios e/ou de lances. O consumidor paga uma taxa de adesão em média entre 3,3% a 4,6% ao ano do total do crédito que será fornecido. Funciona assim: cada prestação paga mensalmente é uma amortização, ou seja, é uma parte do valor principal mais uma taxa de administração (neste caso, é uma taxa de juros embutida cobrada pela carta de crédito).

A resposta à pergunta do leitor é: DEPENDE dos objetivos de cada um ou de cada família. Antes, é necessário perguntar-se POR QUE quero comprar e QUANDO quero comprar? Se for para conquistar o primeiro imóvel, tem que ser levado em conta a variável “TEMPO”. No consórcio imobiliário você dependerá da “SORTE” para ser contemplado logo no início, e apenas nesse caso, o sorteado leva vantagem. Contudo, SE você for tiver que esperar o final do plano, aguardando entre 150 a 180 meses para conseguir a “carta de contemplação”, provavelmente valeria mais a pena ter poupado e investido o dinheiro para comprar o seu bem à vista. Existe também o financiamento imobiliário que é um dos mais caros do mercado, pois paga-se acima de 8% de juros ao ano aos grandes bancos, porém escolhendo essa modalidade, resolvendo os trâmites legais, o indivíduo conseguirá realizar imediatamente o seu sonho de consumo. No entanto, se esta for sua opção, o ideal será economizar um bom valor por um determinado período para dar de entrada e conseguir financiar o saldo devedor. Mas, vale lembrar que é muito importante contratar um financiamento que seja compatível com o orçamento familiar. Atualmente alguns clientes, que não têm pressa para receber o imóvel, preferem contratar um consórcio com duração de 15 anos e após fazer uma poupança considerável, entre cinco e dez anos de pagamentos, dão um lance para conquistar a casa própria. Sem dúvida, o consórcio nesta situação será melhor que o financiamento imobiliário que, como já disse, tem juros altíssimos.

O mesmo raciocínio deve ser utilizado na compra dos carros, porque e quando comprar? Se for para adquirir um automóvel de passeio e que não tenha nenhuma ligação profissional, o melhor será poupar, investir o dinheiro numa aplicação financeira que tenha uma rentabilidade acima da inflação e comprar o bem à vista, que necessariamente, não precisa ser um carro novo, pode ser um seminovo com garantias. No caso dos taxistas e dos profissionais que trabalham com frota poderão optar pela contratação do consórcio para manterem os veículos atualizados, visto que pagarão bem menos com essa modalidade do que se fizessem um financiamento.

É importante verificar: se a administradora de consórcios tem autorização da SUSEP ou do Banco Central do Brasil para funcionar, se existem reclamações nos órgãos de defesa do consumidor, a descrição do crédito, a possibilidade de adquirir a carta através de lance e as garantias exigidas após a contemplação.

Para contratar esta modalidade de crédito a justificativa das pessoas é sempre a mesma: “não tenho nenhuma organização financeira para juntar dinheiro e no consórcio consigo uma poupança forçada”. Considero que os consórcios são excelentes apenas para quem os vendem, e o MELHOR será sempre planejar seus investimentos com antecedência. Lembre-se, utilize o tempo a seu favor, POUPAR E INVESTIR seu dinheiro, ainda é a melhor opção para multiplicar o seu patrimônio. Até o próximo encontro e boa Copa do Mundo para todos.

 

 

Edval Landulfo, Economista, Coach e Educador Financeiro

Artigo publicado no jornal Ei, Táxi junho 2014

 

 

 

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